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Crítica ao livro “A cor do hibisco”, de Chimamanda Ngozie Adichie

Kambili e Jaja, as duas personagens principais deste livro, são dois irmãos nigerianos que crescem numa família em que tudo se diz protetor. Deus protege, o pai protege, o motorista que lhes limita a liberdade de movimentos protege, o desconhecimento de outras realidades protege. Uma ausência de direitos, de vontade própria e de livre arbítrio que se confunde com proteção e qual não questionam. Para os irmãos, a vontade do seu pai e a vontade de Deus estão sempre em primeiro lugar, mesmo que isso se traduza numa educação opressora e limitada.





O pai, grande figura benemérita nigeriana e considerado um líder pela comunidade religiosa, revela todo o seu verdadeiro caráter entre quatro paredes, ao ser violento com os filhos e com a mulher. A única figura que lhe faz frente é a sua irmã, a tia Ifieoma, e será ela a principal instigadora da mudança na vida dos dois adolescentes. E da mudança de cor dos hibiscos no jardim.


A minha interpretação deste livro faz-me acreditar que o seu desenvolvimento pode ser refletido na cor dos hibiscos, que na cidade de Enugu (onde vivem os protagonistas) eram vermelhos e em Nsukka (onde vivem a tia e os primos) eram azuis. Se na primeira representam o tradicional, a religião, mas também a opressão em que Kambili e Jaja viviam, na segunda são característicos da mudança, do amor e da revolução que vão acontecer nas suas vidas.


Tenho tido alguma sorte nos livros lidos ultimamente, neste contexto em que vivemos. A escolha tem sido feita por influência de outros ávidos leitores que acompanho nas redes sociais e até à data têm entrado praticamente todos para a minha lista de livros a recomendar. São livros que nos dão esperança, depois de tão bem retratarem a realidade violenta que se tem instalado de modo tão cru nos nossos dias. E este livro não fugiu à regra, juntando-lhe ainda a mestria na escrita que a autora, Chimamanda Ngozi Adichie, traz para o papel. E para o mundo atual.


Joana Firmino Ribeiro


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