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“Norwegian Wood”, de Haruki Murakami

Ler um livro de Murakami, qualquer que ele seja, parecerá sempre o primeiro. Não sei se sou só eu, por estar tão habituada a trilogias, sequelas, clássicos em que revejo uma personagem noutra...talvez. Mas acredito que surja em grande parte de nunca saber o que posso esperar. Por muitas sinopses que leia, o livro transforma-se sempre durante a minha leitura.





Ainda assim, Murakami também utiliza elementos comuns de um texto para o outro, como a música, que está sempre lá, e que sabemos ser parte fundamental da vida do autor (que foi dono de um bar de jazz), e este livro começa logo essa ligação pelo título. Antes de ser um título de um dos livros de Haruki Murakami, “Norwegian Wood” já era uma música dos The Beatles. Eu não sabia, acredito que muitos de vós já o soubessem, mas o livro não deixa ninguém de parte ou não fosse esta música a ser tocada na guitarra de Reiko parte importante da história.


Vamos a ela então. À história, não à música, que essa descoberta é vossa. Este livro centra-se na personagem de Tōru Watanabe e num recordar da sua juventude que nos acompanha página a página. Pelas suas memórias, conhecemos Naoko, Midori e Reiko e as relações entre ambos. A narrativa desenrola-se à volta da relação de Tōru com Naoko, namorada do seu melhor amigo de infância, e da relação com Midori, sua colega da faculdade. Reiko aparece mais tarde e vem trazer sabedoria, conhecimento e lições de vida a um Tōru que está perdido, acima de tudo.


Aborda em grande parte a transição da adolescência para a idade adulta e o aprender a lidar com os nossos fantasmas internos que daí advêm. Fala em amor, em perda, em suicídio e em solidão. A personagem de Tōru cresce connosco a cada página e nós vamos crescendo um bocadinho com ele também. Sente-se perdido, nós também nos sentimos perdidos. Aprende a lidar com isso aos poucos, nós também vamos aprendendo. Diria que é um livro para ler em qualquer idade, mas gostava de o ter lido na entrada dos 20 anos, para o tornar ainda mais real. Para quem já leu Murakami, sabe que se caracteriza muito por um realismo mágico que estamos habituados a ver em autores da América do Sul, e este livro de magia tem muito pouco. É simplesmente a vida a acontecer.









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