O Dia Internacional Nelson Mandela é celebrado anualmente a 18 de julho e marca o nascimento de um dos maiores líderes da História do século XX. Este dia foi instituído pela Assembleia Geral das Nações Unidas em 2009 e pretende refletir sobre o impacto duradouro de Mandela e, simultaneamente, promover os valores pelos quais ele lutou durante toda a sua vida.
Quem foi Nelson Mandela?
Nelson Mandela nasceu no dia 18 de julho de 1918, numa pequena vila da África do Sul chamada Mvezo. Era filho do chefe do povo Thembu, Nkosi Mandela, e descendia de uma família nobre tribal da etnia Xhosa. Em 1939, Mandela começou a frequentar o curso de Direito na Universidade de Fort Hare. Ainda estudante e inconformado, começou a sua luta contra a falta de democracia racial.
A luta de Mandela contra as leis de Apartheid
Em 1944, Mandela envolveu-se na fundação da Liga Jovem do Congresso Nacional Africano, a qual se tornou o principal instrumento de representação política dos negros. O racismo na África do Sul foi, sem qualquer dúvida, a herança mais brutal deixada pelos colonizadores europeus. Tendo por base a supremacia racial do branco, o homem europeu decretou leis que deram origem ao regime de apartheid (traduzido à letra, significa separação), instituído em 1948 pelo Partido Nacional. O regime fundamentava-se em regras como:
Proibição do casamento inter-racial;
Obrigação do registo da raça na certidão;
Pessoas brancas e negras tinham de viver em áreas separadas, quer na escola, hospitais ou outros lugares.
As consequências deste regime foram brutais. A segregação racial, a inexistência de direitos civis e políticos, bem como o confinamento dos negros a regiões determinadas pelo governo branco, originaram uma série de massacres e mortes.
Não se contam os homens e mulheres sul-africanos que dedicaram a sua vida ao fim do regime de apartheid. É, portanto, perante toda esta injustiça e brutalidade que Nelson Mandela dedicou toda a sua vida à oposição do sistema.
A prisão de Mandela
Em 1956, Nelson Mandela foi preso pela primeira vez sob a acusação de conspiração contra as leis e o governo. Todavia, em 1960, vários líderes negros foram perseguidos, presos, torturados, assassinados e condenados. Este dia, 21 de março de 1960, ficou conhecido na História como o Massacre de Sharpeville.
Nesse período, o Congresso Nacional Africano, fundado por Nelson Mandela, foi proibido, e este foi acusado de incentivar os manifestantes. Em 1964, o líder foi condenado a prisão perpétua e ficou 27 anos preso, principalmente na Ilha Robben, tornando-se um símbolo global de resistência contra a injustiça e a opressão.
Nestes longos e penosos anos de prisão, o líder da África do Sul escreveu diversas cartas às autoridades, a companheiros ativistas, a responsáveis governamentais e, acima de tudo, à sua esposa, Winnie, e aos seus cinco filhos.
A mudança finalmente deu-se no dia 11 de fevereiro de 1990. Após uma grande pressão internacional, o então presidente da África do Sul, Frederik de Klerk, solicitou a libertação de Nelson. O seu discurso, já em liberdade, ecoou pelo mundo inteiro e voltou a dar a palavra pela liberdade do seu país:
“Eu lutei contra a dominação branca e lutei contra a dominação negra. Eu tenho prezado o ideal de uma sociedade democrática e livre, na qual todas as pessoas possam viver juntas em harmonia e com iguais oportunidades. É um ideal pelo qual eu espero viver e que eu espero alcançar. Mas caso seja necessário, é um ideal pelo qual eu estou pronto para morrer”.
Prémio Nobel da Paz
Três anos após ser libertado, Nelson Mandela e o presidente assinaram uma nova constituição sul-africana, que decretava o fim de mais de 300 anos de dominação política da minoria branca. Este foi o avanço mais esperado para um país que tanto sofreu - a África do Sul preparava-se para entrar num regime de democracia multirracial. No mesmo ano, em 1993, Mandela recebeu o Prémio Nobel da Paz pela sua luta pelos direitos civis e humanos no país.
Presidente da África do Sul
Em 1994, Nelson Mandela foi eleito o primeiro presidente negro democrático da África do Sul, ainda sob um clima de violência. O presidente ocupou o cargo até 1999 e conquistou o respeito internacional pela defesa da reconciliação nacional e internacional.
Nelson Mandela deixou o mundo mais vazio em 2013, quando se despediu definitivamente, mas deixou a herança e a luta pela igualdade, liberdade e democracia.
“A morte é inevitável. Quando um homem fez aquilo que considera ser o seu dever para com o seu povo e o seu país, poderá descansar em paz. Eu acredito que fiz esse esforço e, por isso, irei dormir até à eternidade.”
Ensinamentos de Nelson Mandela – o que podemos aprender com ele
Acreditar que é possível: Nelson Mandela ensina-nos que acreditar que é possível, mesmo quando tudo indica o contrário; é um dos maiores legados que nos deixa.
Ser empático: A empatia é uma das capacidades mais difíceis. É necessário estar no lugar da outra pessoa para a compreender.
Dizer não à violência: A violência não é solução. Mandela ensina-nos isso quando nos obriga a refletir na sua própria vida. Abrir o nosso coração, a nossa mente, sermos tolerantes e dialogar com as pessoas é necessário para trabalhar a paz.
Nelson Mandela é lembrado não apenas pela sua liderança política, mas também pela sua profunda humanidade, humildade e compromisso com a justiça.
Ele ensina-nos que a coragem não é a ausência do medo, mas a capacidade de o superar; que o perdão é a arma mais poderosa contra o ódio e a paz e a reconciliação são possíveis mesmo nas circunstâncias mais difíceis. Mandela enfatizou, ainda, a importância da educação, afirmando que “a educação é a arma mais poderosa que você pode usar para mudar o mundo”.
O seu legado de paz e justiça continua, ainda hoje, a inspirar milhões de pessoas a lutar por um mundo mais justo e igualitário.
Comments