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Sofia Santos, as emoções existem para serem sentidas

Atualizado: 28 de nov. de 2022

Será que nos emocionamos demasiado? E o que acontece quando as nossas emoções são constantemente reprimidas? Numa sociedade que declara a depressão como a doença das gerações actuais, serão todos os problemas de facto problemas? Seremos nós o nosso pior inimigo e não o mundo que nos rodeia? Ou assumimos que se encontra tudo de facto dentro do nosso controlo? Teremos deixado nós de conseguir distinguir o que realmente importa: o nosso desempenho ou o resultado? Num mundo forrado a farinha e creme de pasteleiro, que orbita em torno de provas desportivas, onde reina a arte de aconselhar, mas acima de tudo de saber ouvir, vive a Sofia. Imaginem uma guerreira multifacetada, com alma da terra, cujas raízes são a família e os amigos. Não tem medo de pôr as mãos na massa e tem conselhos, ou lições de vida, para todas as adversidades. Desdobra-se entre fornos dos quais saem cheiros divinais, provas de desporto e consultas de psicologia. A palavra impossível não existe no seu dicionário, sem tentativas, empenho e força de vontade. Se o “abraço-casa” fosse uma pessoa, claramente seria a Sofia, devido a todo o conforto que esta pode trazer com apenas um sorriso e os seus conselhos. A sua boa disposição é contagiante e esconde uma pessoa que passa o dia numa maratona. No entanto, há sempre um bocadinho para expressar o seu carinho aos que lhe são mais próximos, através das bolachas que ela própria faz. Para verem os seus olhos brilhar, basta falar-lhe em desporto e especialmente, nos seus atletas.


Sobre a Sofia Santos

O meu nome é Sofia, cheguei a este mundo no mesmo dia que o homem pisou a lua e a operação Valkirya falhou, apesar de uns anos mais tarde em 1991.

Formei-me em Psicologia da Educação e Orientação na

Faculdade de Psicologia da Universidade de Lisboa. Desde essa altura nunca parei de estudar, possivelmente defeito de fabrico por ser filha de professores, tendo feito pós-graduações em Coaching Psicológico, Intervenção Psicológica em Crise, Catástrofe e Emergência e Psicologia do Desporto.

Desde 2015 que estou ligada à Psicologia do Desporto, tendo trabalhado com vários atletas. Sou no fundo um conjunto de demasiadas coisas e mesmo assim incompleta. Adoro conhecer coisas novas, tenho formação em várias áreas. Acho sempre que o que faço não é suficiente e tento sempre ir mais além se gosto do que estou a fazer, quando não gosto faço para que fique feito e rezo para que fique aceitável. Gosto de estar com os amigos, de preferência numa mesa preparada por mim. Sou muito extrovertida, mas também preciso do meu próprio espaço. Detesto injustiças, sobretudo com os outros. Sou como qualquer outra pessoa, uma construção constante derivada das suas experiências, o que me torna única.

Esta sou eu.



Qual é o teu sonho?

A nível profissional, se ganhasse o euromilhões criava um hospital unicamente ortopédico onde fisioterapeutas, ortopedistas, fisiatras e psicólogos do desporto trabalhassem em conjunto para recuperação de lesões. Adorava poder ter uma creche inclusiva onde todos fossem tratados de igual forma e o desporto fosse a base para a criação de valores, desenvolvimento social e motor. Adorava ter um espaço onde a experimentação, testar os limites, o ver e fazer fosse mais valorizado que o resto.

A nível pessoal adorava ser mãe. Acho que é daquelas coisas que me falta fazer, mas a vida ainda não seguiu esse caminho.

Lições de vida

-da Sofia para nós-


  1. "Chorar é tão normal como rir, ter medo, sentir raiva"

Nós temos muitas emoções.

A verdade é que o ser humano é ensinado desde pequenino a deixar de as ter. Somos educados a deixar de chorar porque chorar é feio, somos educados, a deixar de rir, quando é desnecessário ou em situações inadequadas. Quando temos medo somos criticados e quando sentimos raiva somos corrigidos. Andamos sempre neste ciclo de contenção. Andamos sempre a não as sentir e a tentar reprimi-las. Depois quando queremos voltar a sentir, já não somos capazes porque o nosso cérebro deixou de o conseguir fazer.

Se há coisa que eu acredito na vida, não só na minha prática profissional, é que chorar, rir, sentir raiva ou medo, é importante para nos habituarmos a nós mesmos, para sabermos como reagir ou como vamos reagir perante determinadas situações. O que eu faço durante a minha prática profissional, que por vezes nem toda a gente concorda, é ir aos pontos que fazem a pessoa chorar. Se calhar já se ouviu muitas vezes, as pessoas dizerem que: “eu queria chorar, mas não consigo”. A terapia existe assim como um lugar onde, não só nos sentimos bem, mas também um lugar para chorar. O "sentir bem" muitas vezes está associado a não chorar. Devemos ir à terapia pelo choro. Eu faço muito isso, quando vejo que faz sentido a pessoa chorar, eu dou-lhe espaço para ela chorar. Quando as pessoas pedem desculpas por chorarem, eu digo que não há motivo pelo qual pedir desculpas por chorar.



2. “Os problemas que não existem, não precisam ser resolvidos”


A melhor forma de resolução de problemas, é que eles não existam. A melhor forma que nós temos para manter a nossa vida controlada, é preparar-nos para o pior, esperando o melhor. Assim deixo o desafio: serão estas, duas lições diferentes?

A verdade é esta: muitas vezes pensamos que as coisas vão correr mal, ou que tudo vai dar chatices e problemas. Eu simplesmente não acredito no cliché de “vai ficar tudo bem'', porque a verdade é que os problemas fazem parte da nossa vida. Porém alguns são “não-problemas”, são situações que nós criamos por medo, ansiedade, necessidade de aprovação ou porque generalizamos situações.

Portanto, há problemas que simplesmente não são problemas. Podemos perfeitamente não os criar. Assim, se eles não existirem, não precisam de ser resolvidos. Um problema que não existe, não é um problema. Talvez seja um bocadinho redundante, porém aprendi com a vida que existem situações que têm de ser resolvidas e depois existem situações que nós próprios originamos por diversos factores. Situações essas como: cenários que não são reais, que nós apenas criamos na nossa cabeça. Como por exemplo, ao tentar antecipar situações cuja probabilidades de acontecerem são muito baixas ou ao falar de situações alheias com pessoas, o que só irá levar a problemas desnecessários. A consciência de classificar quando é um problema concreto e quando não o é, é importante. Perceber que a inexistência de um não-problema faz com que não haja nada para resolver e se estivermos preparados para perceber, algo que se faz com muita prática, do que é que é de facto um problema concreto e o que é que não é, torna a vida bastante mais fácil lidar com a vida.

3. “Todas as acções têm consequências, umas controlas, outras não. O importante é o modo como as aceitas.”


Só nos podemos preparar para aquilo que é expectável.

Imaginem um cenário em que precisamos de ter uma conversa com alguém. Treinamos a discussão na nossa cabeça e memorizamos os pontos que queremos resolver. No momento da conversa, no decorrer da discussão, apercebemo-nos de que a outra pessoa não cumpre o guião que nós criámos. Portanto a conversa já não é aquilo que nós esperamos. A vida é mesmo isso. Os meus atletas muitas vezes fazem tudo certo, preparam-se ao máximo, dão o seu melhor, corre tudo pelo melhor. Porém, aleijaram-se, os adversários foram melhores, ou então aconteceu uma situação que foi completamente incontrolável que lhes tirou o lugar. Não significa que eles não deram 100%, mas os colegas também os deram e os 100% deles foi um pouco mais forte.


É isto que nós temos de perceber: “que consequências é que tem a minha vida?”. Se as consequências são controláveis, dar o nosso melhor também o é. O resultado não está no nosso controlo. Nós não conseguimos controlar que, mesmo dando o nosso melhor, que as coisas vão correr bem, mas sim que fizemos o que estava ao nosso alcance para esse fim. Do mesmo modo que podemos dizer algo a alguém, podemos dizê-lo da melhor maneira possível, podemos usar o tom de voz correcto, e ainda assim a pessoa interpretar-nos mal. Não por nós, mas por aquilo que são as vivências dessa pessoa.

Nós apenas podemos lidar com aquilo que está ao nosso alcance e que podemos controlar, o que não é controlado por nós, temos apenas de perceber o que sucedeu, aceitar e se estiver na nossa possibilidade, ajustar o que não está a funcionar,



4. Para existir um primeiro, tem sempre de existir um último. Mais importante que o teu resultado, é o teu desempenho. Eu digo muitas vezes nas minhas sessões: Resultado vs Desempenho.

Ninguém quer ser o último, todos queremos ser os primeiros. O que muitas

vezes não é possível. Todos ambicionamos o resultado, o produto final, porém descuramos sempre o desempenho quando não atingimos a vitória. Esquecemos do que nos levou até ali, o quão longe chegámos desde a estaca zero. Comparo muito isso com o gosto em cozinhar, adoro fazer bolachas, mas a verdade é que tudo isso começou com uma brincadeira. Ao fazê-lo para uma amiga. As minhas bolachas de hoje não são as que eu fazia inicialmente. Porque eu fui treinando, aperfeiçoando, reajustando a receita. A vida e as nossas lutas, são muito assim.




5. Tu és o teu pior inimigo Esta foi a que mais me custou aprender, aquela que eu mais digo e uso no meu trabalho. Quando estamos a falar da vida, existe sempre o factor competição. Nós queremos ser os melhores, os que chegam mais longe, que as pessoas gostem de nós e que se orgulhem. Queremos dar provas disso.

Muitas vezes achamos, erradamente, que ao dar provas disso temos de sair vitoriosos. A questão é: podemos alcançar muitas vitórias, mas se não as soubermos apreciar, nós não atingimos realmente nada.

Nós somos aqueles que nos delimitados e que nos impedimos. Se nós não tivermos o conhecimento das nossas próprias capacidades e a motivação para valorizar as quedas, na mesma medida que almejamos as vitórias, nós não vamos lá chegar simplesmente. Nem sempre vamos conquistar tudo o que ambicionamos, no entanto podemos sempre trabalhar por isso. Somos nós que nos controlamos, que nos limitamos, mas também somos nós que nos libertamos, e que nos fazemos procurar forças e ferramentas, para sermos melhor. Na mesma linha que somos o nosso maior inimigo, também podemos transformar-nos no nosso melhor amigo. Dou muito este conselho quando os atletas me dizem que não conseguem ganhar porque o atleta x está na prova. O desempenho do atleta não depende do adversário, mas sim dele próprio. Se encararmos os nossos desafios com uma atitude derrotista, estamos a comprometer o nosso desempenho. Isso é o fundamental da vida, a garra com que agarramos os nossos problemas e consequentemente as nossas vitórias.

Ainda curios@ sobre a Sofia Santos?

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Envia-nos um email para geral@soloadventures.pt e nós fazemos chegar-lhe a mensagem.





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