Tanto quanto sabemos, nós, humanos, somos a única espécie com consciência de que a nossa existência é efémera. Isto pode dar azo a que divaguemos sobre o nosso fim – seja relativamente ao “quando, onde e como?”; ou à prospeção do que poderá (ou não) vir posteriormente.
Mas a certeza de que não escaparemos ao fim, pode também trazer consigo uma pressão constante de aproveitar o que nos vai restando. Enfrentamos assim, um dos nossos inimigos mais comuns: o tempo. E mesmo que não o notemos, ele está (decrescentemente) sempre no plano de fundo.
Basta que paremos um pouco e reflitamos: quantas vezes as nossas escolhas foram influenciadas pela nossa noção de tempo?
Adiar o começo de uma dieta porque há sempre um momento posterior que nos parece mais oportuno para o fazer; realizar uma compra impulsiva porque só se vive uma vez; aproveitar determinada experiência porque ainda somos jovens e talvez não haverá outra chance semelhante... são inúmeras as ocasiões que podemos identificar neste contexto.
Se optarmos por “viver um dia de cada vez”, o mais certo é que não tenhamos tendência a fazer grandes planos antecipadamente. Por outro lado, há quem tenha a necessidade de proceder a uma organização mais pormenorizada e com maior antecedência, seja por motivos de trabalho, económicos ou de maior planificação do futuro.
E importa notar que nenhuma destas estratégias está errada, uma vez que não existe uma fórmula perfeita de “one size fits all”. Basta que funcione de forma saudável para quem pratica este pensamento, para que ele seja o caminho a seguir.
Com toda a pressão a que estamos expostos e a que somos regularmente alvo, pode não ser tarefa fácil não ficarmos reféns do tempo. A verdade é que o ideal acaba por ser encontrar um ponto de equilíbrio e perceber o que se adequa melhor à nossa realidade.
O que importa, acima de tudo, é não esquecer que, ainda que o tempo seja um recurso escasso, nós somos sempre a personagem principal da nossa própria cena.
Poderá não haver tempo para tudo (e daí que a sua gestão seja um tema tão complexo), pode o tempo ser considerado o nosso bem mais precioso; mas viver exaustivamente em função dele acaba por ser limitador e frustrante.
Encontramo-nos no próximo nível?
Beatriz Bernardo
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