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Crónica "Flutuar Sobre Ondas" | A Simplicidade Complexa em Apenas Ser


Manual de sobrevivência para finalmente respirar sem máscara de protecção!

Quando me foi apresentado o projecto Solo Adventures pela primeira vez, além de me identificar bastante com os propósitos que o deram origem, senti que seria o momento e sítio ideal para abordar e expor um alargado conjunto de assuntos que poderão tornar mais simples a árdua tarefa de convivência, de cada um de nós com o outro (relacionamento interpessoal) e connosco próprios (relação intrapessoal), como consequência (no meu actual entendimento) motivada pela elevada dificuldade de interacção num espaço preenchido por indivíduos com níveis de consciência tão diversificados.

Constato sem qualquer dúvida que somos seres ultra interessantes ao nível individual e com elevado sentido de entreajuda ao nível colectivo, e é por isso mesmo que este projecto me chamou a atenção, por abrir um espaço de partilha, activação de memórias já esquecidas e possível inspiração aos exemplares magníficos que somos todos nós, seres humanos.

Desde há uns tempos para cá e ao longo das experiências que tenho tido, lugares percorridos e principalmente pelas interacções com outros contemporâneos, tenho observado que algo estranho se passa, ou melhor, existe algo que faz questão de se perpetuar no tempo e que de forma invisível tem aprisionado tantos corações.

Mas só me apercebi disto com maior intensidade apenas no momento em que comecei a olhar mais para mim (tenho que confessar que não tem sido nada fácil) e olhando agora com outra consciência, foi ao mesmo tempo tão ridículo o facto de me aperceber que tinha um medo louco de focar a minha atenção para o meu ser, tantos anos de esforço a reprimir emoções e estados de graça internos para conseguir criar uma máscara que vista pelo exterior me foi atribuindo certificados de “aprovação segundo os parâmetros regulados por alguém algures num tempo que cheio de medinho da própria sombra definiu valores para limitar e controlar a convivência em sociedade”, não poderia deitar tudo a perder, certo?

E foram anos neste filme intermitente onde a cena se repetia, uma força interna a querer saltar e eu a empurrá-la cada vez mais para dentro, ninguém podia sequer imaginar que eu pensava de forma diferente de tudo o que me rodeava, que olhava para tudo com outro tipo de cores.

Com o passar dos anos tudo aquilo que escondia ao nível emocional, o meu corpo tratou de me desmascarar em praça pública, o nosso corpinho trata sempre de nos mostrar a forma como nos tratamos, existe melhor?

Só que houve um pormenor que não é tão simples de compreender, nesta fase poucas são as pessoas que têm plena consciência do motivo de terem atraído determinados sintomas para a sua vida, e quando me aconteceu a mim adivinhem lá qual foi o meu comportamento? “Isto é uma injustiça, eu não mereço passar por isto…blá blá blá… não faço mal a uma mosca…blá blá blá…porquê eu??...blá blá blá…sou tão certinha…blá blá blá…quero desaparecer deste mundo…blá blá blá…e vamos parar por aqui que não haveria fim para tanta lamentação e gritaria, não se aguenta, uffa!!

Esta fase foi sem dúvida um espécime de “drama existencial” que se transformou na chave mestra para tudo o que veio a seguir (mas tenho que confessar que levei muito tempo a perceber…sou lenta mas chego lá), e hoje com outra sensibilidade quando observo todos os momentos do passado, não apenas o referido anteriormente mas, desde que me lembro como pessoa, já tenho a capacidade de rir e sentir um enorme carinho por todas as atitudes que tive, escolhas que fiz e situações pelo que passei (tanta asneira), acho que a poderei denominar como uma sensação bastante próxima de paz.

Estou aqui para todos aqueles, que tal como eu, sempre sentiram que somos mais do que estamos a mostrar, que temos capacidades elevadíssimas e que tudo, mas tudo mesmo pode e deve ser mais simples, leve e doce. Na minha humilde opinião parece-me que temos andado a racionalizar demais, a percepcionar de forma distorcida factos da realidade que até são simples, e aproveitando uma era de difusão de informação fantástica, poderíamos sim redirecciona-la para uma nova era de difusão de conhecimento e sabedoria mais prática, já não serve apenas o saber, mas o saber como aplicar nas nossas vidas e ter a sensibilidade de adoptar o que é o melhor para mim, não invalidando a escolha do outro. Afinal de contas, o mais interessante é sabermos que somos todos diferentes e é essa diversidade que proporciona um mundo com tantas experiências, porque tudo o que há ao nível material foi idealizado antes mesmo de existir.

No momento presente, para mim o principal objectivo da vida é apenas viver, básico certo? Calma… se reflectirmos sobre a vida na sua acepção é realmente apenas o acto de viver, mas mais tarde comecei então a verificar em mim que a qualidade e percepção do acto de simplesmente viver está profundamente correlacionado com o nível de consciência que temos e é ai que tudo complica na nossa mente.

Se o principal objectivo da vida é viver e experienciar, e isso depende da consciência que temos, então segundo esta lógica o único compromisso que cada ser humano poderia ter na vida seria o de elevar a sua própria consciência. Seria então um compromisso consigo próprio a todos os níveis de existência, e é neste domínio que espero poder contribuir e partilhar sabedoria que me foi transmitida através de todas as trapalhadas que fiz, ilusões criadas, valores incutidos que tomei como verdades absolutas e limitações auto-induzidas, que me proporcionaram algum aumento de consciência e têm vindo a tornar o meu acto de viver cada dia com mais leveza e sentido de humor, cada um ao seu tempo, ritmo e ao longo de toda a existência, para quê tanta pressa? Pretendo desmistificar alguns campos denominados místicos e através de uma maior compreensão do nosso corpo físico, mental, emocional e energético, que consigamos juntos desligar o “complicómetro existencial” e tornarmo-nos no grande amor das nossas vidas passadas, presentes e futuras.

Finalmente nos voltamos a encontrar,

"Quando nos compreendemos, quando compreendemos a nossa consciência, compreendemos também o universo e a separação desaparece.“

Amit Goswami, Físico Quântico

*Este artigo é escrito ao abrigo do antigo acordo ortográfico.

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