Todos nós temos medos; sejam eles mais antigos ou recentes, aparentemente pouco lógicos, menos comuns ou inesperados, o que é certo é que nos acompanham. Sentir medo é algo natural, inerente à nossa existência e caracteriza-nos de forma singular.
Contrariamente à conotação negativa e quase imediata que associamos ao medo, ele desempenha uma função crucial na nossa sobrevivência. Se, por hipótese, o ser humano não sentisse medo, a sua existência estaria gravemente comprometida. Isto acontece porque é justamente o medo que nos permite avaliar a perigosidade de certas situações, fazendo-nos evitá-las ao máximo. Deste modo, o medo protege-nos. Sem ele, faríamos qualquer coisa sem pensar duas vezes. A esperança média de vida seria certamente menor se não sentíssemos medo.
Pese embora a sua indiscutível componente positiva, é necessário ter em conta a importância da forma como encaramos e lidamos com o medo. Isto porque facilmente deixamos que o medo ganhe mais terreno, o que faz com que o alimentemos de forma desmedida. Neste contexto, surgem situações em que o medo tira a capa de super-herói e se transforma em vilão. Em casos como este, urge relembrar que o personagem principal na nossa vida somos nós próprios; temos o poder de decidir e a faculdade de agir. O medo não deve escalar ao ponto de nos controlar e limitar, e, apesar da redundância, a sua presença não deve ser motivo de medo.
Não somos menos fortes por apresentar medos, sejam eles quais forem. Cabe a cada um nós zelar para que o medo não se torne um espinhoso obstáculo, e que se mantenha assumido como uma saudável e importante braçadeira na nossa vida.
Vemo-nos no próximo nível?
Beatriz Bernardo
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