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Felicidade: um assunto sério para a sociedade


Se te perguntássemos “o que significa para ti, Felicidade?”, conseguirias dar uma resposta rápida e concreta?


Para várias pessoas não é assim tão fácil.


Felicidade representa um conceito abstrato, difícil de explicar em palavras.


O próprio sentimento em si pode ser difícil de identificar.


E, no entanto, todos nós procuramos, de uma forma ou outra, ser (mais) felizes.


Neste âmbito, na Solo Adventures, pretendemos empoderar cada vez mais pessoas para que atinjam maiores níveis de bem-estar e de autorrealização, a fim de contribuir para sociedades mais felizes e interligadas.


Na 3ª edição da Solo Adventures Explica quisemos aprofundar este tema, não só para torná-lo menos abstrato, como também para trazer visibilidade à sua importância para a Sociedade e porque devemos cada vez mais perseguir a felicidade como um objetivo coletivo, além de meramente individual.



A discussão sobre o que significa “Felicidade”


Desde os grandes mestres da filosofia, às grandes religiões do mundo, passando pela sabedoria popular, até ao mais recente interesse científico na psicologia positiva, todos têm tentado explicar a natureza da felicidade.


Aristóteles (384-322 a.C.), filósofo grego, declarou no livro “Ética a Nicômaco” que a felicidade é “a mais desejável de todas as coisas”, o supremo bem, “(…) algo absoluto e auto-suficiente, sendo também a finalidade da ação”.


Thomas Jefferson (1743-1826), o terceiro presidente dos Estados Unidos da América, declarou na “Declaração de Independência dos Estados Unidos da América” que a procura da felicidade, assim como a vida, a liberdade, e que todos os homens são iguais, são direitos inalienáveis, considerando estas verdades como evidentes por si mesmas.


Martin Seligman, psicólogo e fundador da Psicologia Positiva (1998), a ciência que estuda a felicidade, encara a felicidade e o bem-estar como os resultados desejados da desse ramo específico da psicologia.


Tal Ben-Shahar, professor e escritor nas áreas de psicologia e liderança positivas, publicou recentemente o livro “Happiness Studies: An Introduction” (2021) no qual apresenta a felicidade como a experiência de “wholebeing”, ou em português, "ser por inteiro".


O debate sobre a importância da felicidade é antigo, mas continua muito atual e complexo.




A investigação sobre Felicidade e Bem-estar


Durante muitos anos a psicologia procurou debruçar-se sobre as perturbações mentais que tinham um impacto negativo na vida dos indivíduos, tais como a depressão e a esquizofrenia.


Por um lado, estudando a sua patologia (as suas causas psicológicas, a sua bioquímica e genética); por outro lado, procurando formas de tratamento para aliviar esses estados que fazem com que se viva uma vida infeliz.


No fundo, a psicologia focava-se muito no lado negativo do desenvolvimento humano, deixando de lado o estudo dos estados que fazem com que a vida valha a pena ser vivida.



A investigação de Martin Seligman



Para contrariar esta abordagem, no final da última década do séc. XX nasceu o movimento da Psicologia Positiva.


Um novo campo científico, cujo principal percursor foi o psicólogo Martin Seligman, e que preconiza que «tratar “não é apenas arranjar o que está danificado; é também cuidar de algo ou alguém e fomentar o que temos de melhor.» (Nunes, 2007).


Seligman apresentou em 2002 a Teoria da Felicidade Autêntica, segundo a qual a Psicologia Positiva assenta no estudo de três pilares:

  1. A emoção positiva;

  2. Os traços positivos do ser humano, que incluem as forças e virtudes pessoais;

  3. As instituições positivas.



Com o avançar dos estudos, Seligman identificou algumas lacunas e apresentou, em 2011, um novo modelo no qual assenta atualmente a Psicologia Positiva: a Teoria do Bem-Estar.


De acordo com esta teoria o bem-estar é um construto, nenhuma medida o define exaustivamente, antes é composto por vários elementos que contribuem para o formar, cada um deles mensurável de forma independente.


Os elementos que compõem o bem-estar formam o Modelo PERMA (sigla formada com as iniciais dos cinco elementos em inglês):

  • Emoções Positivas

  • Envolvimento

  • Relacionamentos

  • Propósito

  • Realização

O modelo PERMA foi mais tarde expandido por Emiliya Zhivotovskaya, uma investigadora e aluna de Seligman, da Universidade da Pensilvânia, que descobriu um novo elemento que já estava em estudo: a Vitalidade, passando a sigla a ser utilizada como PERMA-V.


(Para conhecer em detalhe os elementos que constituem a Teoria do Bem-Estar e como podemos potenciar cada um deles na nossa vida, sugerimos que leias o artigo completo fazendo download da nova publicação aqui.)



A investigação de Tal Ben-Shahar


Outro modelo de investigação que destacamos na Solo Adventures Explica é o do professor Tal Ben-Shahar e que visa encarar o ser humano na sua plenitude, ou utilizando a expressão em inglês, “wholebeing”.


O modelo de Tal Ben-Shahar inclui 5 aspetos sob a sigla SPIRE (sigla formada com as iniciais dos cinco elementos em inglês) cujo foco deixa de ser perseguir a felicidade em si, mas antes perseguir os cinco elementos que conduzem de forma indireta, à felicidade:

  • Bem-estar espiritual;

  • Bem-estar físico;

  • Bem-estar intelectual;

  • Bem-estar relacional;

  • Bem-estar emocional.



Felicidade Hedónica e Eudemónica


Existem ainda duas correntes de pensamento relacionadas com a felicidade que importam referir: o hedonismo e o eudemonismo.


O hedonismo provém de uma corrente filosófica que defendia a “boa vida”, mostrando que o indivíduo procura desfrutar do bom e fugir do mau.


Na década de 70 surgiu associado à corrente hedónica, o conceito de bem-estar subjetivo, que envolve duas dimensões:

  • uma dimensão cognitiva que se traduz na avaliação do grau de satisfação com a vida;

  • uma dimensão emocional constituída por afeto positivo (relacionado com a frequência de emoções positivas que a pessoa experiência) e afeto negativo (relacionado com a frequência de emoções negativas que a pessoa experiencia).

A outra corrente de pensamento defende a felicidade numa perspetiva eudemónica, segundo a qual as pessoas procuram viver uma vida com significado, colocando as suas virtudes em prol do bem comum, e compreende o bem-estar sob a perspetiva do funcionamento psicológico.


De acordo com a Professora Helena Marujo, especialista portuguesa na área da psicologia positiva, é necessário integrar estas duas perspetivas para se poder vivenciar a felicidade.


Se apenas considerarmos a dimensão hedónica, estamos a considerar uma felicidade individual e subjetiva, negligenciando a dimensão coletiva e relacional da perspetiva eudemónica, associada ao sentido e propósito e como o indivíduo pode colocar as suas virtudes em prática, contribuindo para o Mundo.



Anatomia da Felicidade


Sonja Lyubomirsky, professora e investigadora, revelou através da sua extensa investigação a composição da felicidade:

  • 50% advém da genética da própria pessoa

Os 50% que contribuem para a felicidade de uma pessoa, determinam o happiness set point, ou seja, a nossa genética determina que existe um ponto fixo de felicidade ao qual somos obrigados a retornar, mesmo após um momento de grande infelicidade ou uma grande conquista.


  • 40% resulta da forma como a pessoa pensa e age

Totalmente dentro do nosso controlo encontram-se os nossos pensamentos e comportamentos que revelam o enorme potencial que cada um de nós tem para sermos agentes ativos da nossa felicidade.


  • 10% é fruto das circunstâncias da vida, como a idade, o género, a etnicidade, o estado civil, o rendimento, a saúde, a ocupação e a afiliação religiosa

Quando atribuímos grande parte da nossa infelicidade ao fato de não gostarmos do trabalho que fazemos ou não nos sentirmos felizes na relação amorosa, há que refletir que apenas 10% da nossa felicidade total está a ser impactada por essas dimensões da vida.


Uma vez que não podemos mudar a nossa genética, e que as circunstâncias da vida não são assim tão relevantes para a nossa felicidade, resta então refletir nos restantes 40% que sobram, daí que, cada vez mais existam estudos e investigações acerca dos pensamentos e comportamentos presentes nas pessoas naturalmente muito felizes.


E eis algumas das conclusões de Lyubomirsky:

« Pessoas felizes têm mais amigos, são mais produtivas no trabalho, são mais criativas, são fisicamente mais saudáveis, têm sistemas imunológicos mais fortes e vivem mais.»


As práticas que contribuem para aumentar os níveis de Felicidade e Bem-Estar


Importa, no entanto, realçar que existem também estudos que referem que o constante foco em perseguir uma vida feliz acaba por ter resultados contraditórios.


No livro “Happiness Studies”, Tal Ben-Shahar refere um estudo de 2011 conduzido pela Universidade de Denver, que revelou que as pessoas que valorizam muito a felicidade são mais propensas a ser solitárias, uma vez que acabam por negligenciar outras dimensões das suas vidas (como o autocuidado e os relacionamentos) que podem contribuir para essa mesma felicidade.


Foi aliás este paradoxo, ou seja, que as pessoas que procuram incessantemente serem felizes, tendem a ser menos felizes, que o levou a aprofundar a sua investigação e desenvolver o modelo SPIRE.


Modelo esse que defende então que, mais importante do que perseguir a felicidade em si, importa perseguir os elementos que podem impactar indiretamente a sensação de felicidade.


Mas como fazê-lo na prática?


Na publicação “Solo Adventures Explica” reunimos algumas das práticas mais comuns que demonstram evidências de promover maiores níveis de felicidade e bem-estar:

  1. Utilizar as nossas forças pessoais / forças de caráter

  2. Praticar atividades que permitam entrar em flow

  3. Manter uma dieta emocional

  4. Cultivar a gratidão

  5. Praticar a bondade e a compaixão

  6. Cultivar relacionamentos

  7. Praticar exercício físico

  8. Garantir uma rotina de sono saudável

  9. Praticar a meditação


Para aprofundares cada uma destas práticas, sugerimos que leias o artigo completo fazendo download da nova edição da Solo Adventures Explica aqui.


Importância da Felicidade para a Sociedade


Já percebemos então que a Felicidade é um tema de estudo que merece a nossa atenção.


Não se trata de uma discussão meramente filosófica.


Os benefícios que a felicidade e o bem-estar provocam no ser humano não se esgotam ao nível individual.


Antes provocam um movimento coletivo que se reflete na Sociedade.


Na Solo Adventures Explica aprofundamos algumas das formas assumidas por este movimento coletivo:

  • ao nível da Educação;

  • ao nível das Organizações;

  • ao nível dos Governos e de novos modelos indicadores de desenvolvimento como o índice de Felicidade Interna Bruta (FIB).

Em Portugal, inclusive, existem desde 2015 estudos realizados pelo Observatório da Sociedade Portuguesa (OSP), integrado na Universidade Católica, que visam a medição dos níveis de satisfação, felicidade e bem-estar da sociedade portuguesa.


Na Solo Adventures também queremos aumentar o nosso impacto social e, para isso, encontramo-nos a lançar o 1º Estudo sobre os níveis de Felicidade e Bem-Estar em Portugal.


Convidamos-te a participar no questionário e a partilhar com o maior número de pessoas.




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