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O perigo da inspiração

Com a facilidade de acesso à internet, um simples click abre centenas de portas para todo um novo mundo. Mundo esse que é um espaço onde coexistem vários tipos de utilizadores: há quem exponha a sua rotina diária, quem aproveite para exibir os seus talentos e quem compartilhe dicas.


Do outro lado do espectro, podemos encontrar os meros espetadores, que preferem o consumo de conteúdo à sua criação. Têm ao seu dispor quase tudo aquilo que se possa imaginar: desde ideias de outfits a receitas saudáveis, passando por DIY’s (faça você mesmo) e life hacks...Há um vasto leque de opções que rapidamente se aprofunda e se estende a uma infinidade de exemplos.


Enquanto consumidores de conteúdo. quantas vezes tentámos reproduzir estas ideias?

E quantas vezes o resultado foi efetivamente positivo à primeira tentativa?


Existe uma linha ténue entre a busca saudável de inspiração e a frustração que essa tarefa nos pode trazer. Ora porque parece mais fácil, ou mais rápido, ou mais barato, ou mais bonito do outro lado do ecrã... Ora porque só mesmo lá é que acaba por resultar.

Ao navegar neste universo, acabamos por nos esquecer que a internet é composta por uma imensidão de usuários, que nada mais são do que pessoas reais, certamente diferentes; seja a nível de personalidade, habilidade, interesses, condições socioeconómicas, etc.


Além disso, é de extrema importância lembrar que cada pessoa expõe somente aquilo que deseja... e se podemos escolher o que partilhar, o mais intuitivo será mostrar apenas o melhor lado. É precisamente por isto que surge toda uma onda de “perfeição” na internet. Não será descabido afirmar que assistimos a uma verdadeira “desumanização”, onde não há espaço para erros nem imperfeições. Mas todos nós, de carne e osso, somos muito mais do que perfis informáticos.


Está tudo bem se não conseguirmos recriar uma ideia à primeira vez que tentamos. Assim como não há problema algum se o outfit trendy não resultar para nós.

Não devemos dar lugar à frustração, muito menos quando tentamos erradamente comparar-nos com algo que não sabemos a que custo deu certo.. ou quantas vezes deu errado para que se pudesse apresentar como sucedido.

Mais uma vez, é necessário parar e reajustar - interiorizar que não tem de dar certo connosco, só porque deu para x ou y. Cada um de nós é um ser irrepetível. Devemos sempre respeitar o nosso próprio tempo, aceitar eventuais falhas e adaptar às circunstâncias próprias e reais.

A internet pode ser uma boa fonte de inspiração, mas não deve nunca tornar-se num poço de frustração.


Encontramo-nos no próximo nível?

Beatriz Bernardo




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