Eu gosto de estar sozinha. Gosto de percorrer as ruas da cidade sozinha. Ir a uma livraria sozinha ou até caminhar sozinha. Não é um problema para mim.
Ao longo do tempo, compreendi que, preciso de um tempo a sós. Não todos os dias, mas quase todos os dias. Percebi que preciso da minha solitude para pensar, criar, inovar, acalmar-me e conhecer-me melhor!
É um processo que demora algum tempo, e só temos de o respeitar. Na verdade, nós não estamos sozinhos. É certo que estamos rodeados de pessoas todos os dias da nossa vida, mas, o que quero verdadeiramente dizer, é que não estamos sozinhos.
Apenas, ainda não vimos em nós a nossa melhor companhia.
A solitude!
A solitude, ao contrário da solidão, não é algo negativo. Trata-se, portanto, de uma escolha nossa em estar sozinho. É, então, uma escolha saudável! Porque nós, seres conscientes, assim o quisemos.
A solitude – a arte de estar sozinho
Ao folhear o dicionário, a palavra solitude significa solidão. Porém, esta solidão é escolhida, pensada e desejada. Ou seja, a solitude é um ato de isolamento voluntário.
É uma escolha tua, o querer estar na tua própria companhia!
Já a solidão, assombra-nos, quando ultrapassamos determinados limites que nos fazem sentir infelizes, ansiosos e isolados. É vazio, uma incompletude e uma dor que não se explica.
A diferença entre estes dois termos que se entrelaçam é simples. A solidão pode representar a tristeza, a infelicidade e pode ter consequências terríveis na saúde, essencialmente a depressão ou outras doenças que prejudiquem a saúde mental.
Ao passo que a solitude é saudável. Pois, é uma ação de livre vontade, um prazer e escolha de estar sozinho. Aprimorar o autoconhecimento, o amor-próprio e a autoconfiança são os alicerces da arte de estar sozinho.
Sê a tua melhor companhia
A solitude, o estar sozinho. Mas, o estar acompanhado. Por ti.
É isso, estar conectado e em paz contigo. Aprender a desfrutar de um tempo para ti. É tomar um café na tua própria companhia, uma ida à praia ou um almoço sozinho.
A solitude é uma verdadeira viagem para o nosso interior. Um autêntico mergulho em nós mesmos. Não é ter medo de estar sozinho. Muito pelo contrário, é ter a coragem e o amor-próprio de estar sozinho.
Há lugares que convidam ao silêncio, à reflexão, à autodescoberta e ao prazer de ser e estar só!
O medo de estar só
A nossa cultura não estima a solitude. Somos, constantemente, bombardeados com julgamentos, preconceitos e maus dizeres quando preferimos, em algum momento da nossa vida, estar sozinhos!
A sociedade do consumo convida a olhar a vida como se fosse um filme hipnotizante, daqueles que vemos e repetimos, e que nada se pode perder. Ninguém pode ficar de fora.
Esse filme hipnotizante capacita as nossas emoções, impossibilitando-nos de tomar as decisões mais acertadas. A um preconceito com a solidão escolhida, com a solidão voluntária. Com a solitude.
O medo existe. O medo da solidão existe. Mas é na procura do autoconhecimento que o foco deve estar. Há altos e baixos, pode ser perturbador ou até angustiante. Mas a solidão não tem e não pode ser uma penitência.
A solitude é uma escolha, onde se aprende a estar sozinho. É uma introspeção que nos leva a vaguear pelo interior, onde descobrimos maravilhas. Somos mais livres, mais independentes, sabemos quem somos, o que queremos e para onde vamos.
Disse Fernando Pessoa, uma vez, quando estava em plena solitude “Enquanto não atravessarmos a dor da nossa própria solidão, continuaremos a procurarmo-nos em outras metades. Para viver a dois, antes, é necessário ser um”.
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