Certamente já passámos os olhos (e bem) por alguns artigos ou posts informativos com o intuito de perceber melhor como lidar com o estado de ansiedade ou como antecipar ataques de pânico. Não descurando essa tão útil informação, é igualmente relevante saber o que fazer quando já se torna tarde demais para trabalhar numa vertente mais prematura.
O facto de abordarmos a forma como lidamos com um possível ataque de pânico faz com que não fiquemos tão reféns do mesmo, criando mecanismos para o relativizar.
Antes de mais, há que esclarecer – o que é, afinal, um ataque de pânico?
Um ataque de pânico trata-se de uma descarga espontânea de adrenalina, que ocorre sem que exista justificação para tal, podendo até surpreender-nos durante o sono. Todos os ataques de pânico são réplicas do primeiro ataque, e porque o medo e desconforto que se sentiu foi tão grande, cresce em nós o receio de voltar a passar por algo idêntico.
Caracteriza-se também por ser um episódio em que se sente um nível extremo de ansiedade, desespero e medo, ao ponto de despontar sintomas físicos, entre os quais podem estar: falta de ar, tonturas, sensação de desmaio, palpitações, náuseas, transpiração, tremores, dor no peito, formigueiros, diarreia, aperto no peito e dores abdominais. Estes sintomas não têm de se verificar cumulativamente para que possamos identificar a presença de um ataque de pânico. Contudo, a intensidade com que se fazem sentir, causa-nos, muitas das vezes, sensação de morte iminente.
Assim sendo, um dos mecanismos para lidar com ataques de pânico é ter sempre presente que o medo que estamos a sentir não é real, não há razão plausível para que nos sintamos assim. Além disso, os ataques de pânicos não estão identificados como causas de morte, por muito que isso pareça fazer sentido quando experienciamos um. – Ninguém morre por causa de um ataque de pânico. E quanto mais cientes estamos deste facto, melhor é a nossa capacidade de lidar com eles.
Durante um ataque de pânico, é bastante usual que, devido à ansiedade sentida, a respiração seja rápida e superficial, ou seja, esta hiperventilação irá dar origem à já referida sensação de falta de ar. Esta situação acaba por sobrecarregar o nosso organismo, aumentando a concentração de oxigénio e a diminuição de dióxido de carbono, acarretando um enorme esforço físico. Por isso mesmo, controlar um ataque de pânico passa por colocar em prática uma respiração diafragmática – respirando de forma lenta e profunda, com vista a controlar a frequência respiratória. Então, poderá ajudar colocar a mão sobre a barriga e acompanhar o seu o movimento de extensão (como um balão a encher) enquanto inspiramos pelo nariz. Ao expirarmos pela boca, a barriga irá perder volume.
Outra técnica útil prende-se com a distração cognitiva, através do redireccionamento do nosso pensamento para uma memória de infância, uma história, ou para a técnica do 5-4-3-2-1. Esta estratégia consiste em olhar em redor e nomear: 5 coisas que se podem ver; 4 coisas em que se pode tocar; 3 sons que se podem ouvir; 2 cheiros que se conseguem identificar e 1 coisa da qual é possível sentir o sabor.
Pode também ajudar, caso seja possível, manter o afastamento de sítios que possam ter muita gente ou muito barulho, uma vez que esses são fatores que tendem a agravar a experiência de pânico.
Vemo-nos no próximo nível?
Beatriz Bernardo
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